Colangite infecciosa e esclerosante primária

INDICE


Colangite infecciosa é uma inflamação do trato biliar, ocorre devido ao congestionamento da bile que favorece a infiltração de bactérias ao longo das vias biliares.
A colangite esclerosante é uma doença dos ductos biliares do fígado.
O termo “Colangite” refere-se à inflamação dos ductos biliares, enquanto o termo “Esclerosante” indica o endurecimento e a fibrose dos ductos biliares causados por inflamação crônica.

A colangite esclerosante primária é uma doença progressiva que causa danos ao fígado e eventualmente a insuficiência hepática.

Na colangite esclerosante primária, os ductos biliares intra-hepáticos e extra-hepáticos tornam-se inflamados, mais espessos, se reduzem e eventualmente tornam-se obstruídos.

A obstrução do ducto pode causar dor de barriga, coceira, icterícia, infecção dos ductos biliares (colangite) e fibrose do fígado que provoca cirrose e insuficiência hepática.

Evolução da colangite infecciosa

Normalmente a bile é estéril; no entanto, se o ducto biliar comum estiver bloqueado e o fluxo da bile é reduzido (estase biliar) pode ocorrer uma infecção.

O termo febre hepática foi usado pela primeira vez por Charcot em um relatório publicado em 1887.
A tríade de Charcot inclui:
1. Febre intermitente acompanhada de calafrios,
2. Dor abdominal no quadrante superior direito
3. Icterícia.

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A colangite obstrutiva aguda foi definida por Reynolds e Dargan em 1959 como uma síndrome que provoca fadiga, confusão mental e choque, além da febre, icterícia e dor abdominal causada por obstrução biliar.
Estes cinco sintomas foram chamados pentade de Reynolds.

A infecção também pode se espalhar em sentido retrógrado até o ducto biliar comum devido a colecistite aguda ou um exame chamado colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE).
As bactérias que causam uma infecção mais frequentemente são: Escherichia coli, Klebsiella spp., Enterococcus spp, enterobactérias e estreptococos.


Causas da colangite infecciosa

A colangite é uma inflamação dos ductos biliares.
Geralmente é causada por uma infecção bacteriana que pode ocorrer quando o duto é bloqueado devido a um cancer no fígado, cálculos biliares ou outras doenças.

A coledocolitíase é a causa mais comum de colangite infecciosa (também conhecida como colangite ascendente).
Coledocolitíase é um termo que indica a presença de pedras na última parte da via biliar, aquela que flui para o duodeno.

A infecção que causa essa doença pode se espalhar para o fígado.

O que provoca a colangite esclerosante primária?

A causa da colangite esclerosante primária não é conhecida.
Uma parte dos pacientes (cerca de 10%) com colangite esclerosante tem uma forma rapidamente progressiva da doença com dor abdominal, febre e coceira que respondem bem ao tratamento com cortisona.

Dado que os corticosteróides são os medicamentos indicados para o tratamento de doenças auto-imunes, tais como colite ulcerativa, doença de Crohn e Lúpus eritematoso sistêmico, se pensa que esse subconjunto pequeno dos pacientes com colangite esclerosante primária é uma doença auto-imune que provoca a colangite esclerosante primária.

Quais são os sintomas da colangite?

Os sintomas da colangite podem ser de leves a graves, entres esses estão:

Os sinais e sintomas de colangite esclerosante primária são:

A colangite esclerosante primária pode não causar sintomas na fase inicial.
Em alguns casos, o único sinal desta desordem pode ser uma anormalidade nos exames de sangue que indicam os valores relacionados com o fígado.

Complicações da colangite infecciosa

Os pacientes com colangite infecciosa podem desenvolver septicemia, insuficiência hepática, bacteremia e sépsis causada por bactérias Gram-negativas.
Colangite aguda grave pode causar choque séptico, falha renal aguda e disfunções cardiovasculares, neurológicas, respiratória e do fígado.
Os doentes tratados com drenagem percutânea ou endoscópica podem desenvolver hemorragia intra-abdominal ou percutânea, sepse, fístula e perda de bile.

Quais são as complicações da colangite esclerosante primária?

Cirrose
Com a progressão da colangite esclerosante primária, é possível desenvolver a cirrose hepática (fibrose irreversível do fígado) e a insuficiência hepática.
A colangite esclerosante primária é uma das razões mais frequentes para efetuar um transplante de fígado.
Os pacientes com cirrose avançada podem desenvolver infecções freqüentes, tornozelos inchados, fluido no abdômen (ascite), sangramento pela ruptura das varizes do esôfago, confusão mental, coma (encefalopatia hepática).

Colangite
A estenose dos ductos biliares pode causar uma infecção bacteriana (colangite).
A infecção bacteriana pode se espalhar através da corrente sanguínea (uma doença chamada de sepse).
A sepse pode causar danos aos rins e aos pulmões, também pode causar um choque hipovolêmico.

Colangiocarcinoma
A colangiocarcinoma (câncer das vias biliares) é mais freqüente entre os pacientes com colangite esclerosante primária.
Estima-se que o 9-15% dos pacientes com colangite esclerosante primária desenvolve o colangiocarcinoma, um tipo de câncer com uma baixa percentagem de sobrevivência.

Câncer de cólon
Os pacientes com colite ulcerativa e colangite esclerosante primária têm um risco maior de desenvolver câncer de cólon do que os pacientes que têm apenas a colite ulcerativa.

Insuficiência hepática
A inflamação crônica dos ductos biliares do fígado pode causar a cirrose, a morte das células do fígado e em fim a insuficiência hepática.

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Diagnóstico da colangite esclerosante primária

Os exames para diagnosticar a colangite esclerosante primária são:

Exames de sangue
A anomalia mais frequente é a fosfatase alcalina alta ou um elevado nível de GGT (gama-glutamiltransferase).
Os valores de transaminase podem ser um pouco mais elevados.
A bilirrubina é alta quando a doença está em estágio avançado.
Com a progressão da doença, a albumina no sangue e o tempo de protrombina (PTT) excedem os valores normais.
Imunoglobulina G (IgG), IgM e os níveis de fração globulinica podem ser altos.
Pode haver valores elevados de gama globulinemia, anticorpos citoplasmáticos anti-neutrófilos (ANCA), anticorpos anticardiolipina e anticorpos antinucleares.

A ultrassonografia é a investigação inicial e pode mostrar a dilatação dos ductos biliares do fígado e alterações do baço; no entanto, não é suficiente para o diagnóstico.

A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) é o principal teste de diagnóstico, mas é um exame invasivo.
A colangiografia trans-hepática pode ser efetuada se a CPRE não foi útil, mas também é um exame invasivo.

A colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM) é uma alternativa não-invasiva para CPRE, é cada vez mais utilizada.
A ressonância magnética pode ser útil para excluir outras doenças e avaliar o sistema biliar.

A biópsia do fígado é feita raramente, mas pode ser útil para determinar o estágio da doença.
Uma nova técnica, a elastografia transitória (FibroScan ®), é um método potencialmente não-invasivo para a detecção de cirrose em pacientes com doença hepática crônica.

Tratamento para colangite esclerosante primária e medicamentos

Muitos medicamentos têm sido estudados para pessoas com colangite esclerosante primária, mas até agora não demostraram de retardar ou reverter a progressão da doença hepática.

Tratamento médico para coceira
Os medicamentos que podem ajudar contra o prurido incluem:

  • Anti-histamínicos, como a difenidramina (Benadryl, etc.)
  • Medicamentos que impedem a absorção de ácidos biliares, como a colestiramina.

Tratamento médico para as infecções
As infecções bacterianas podem ocorrer mais freqüentemente em pessoas com colangite esclerosante primária.
Geralmente o médico prescreve antibióticos.

 

Tratamento da obstrução dos ductos biliares

Os blocos que ocorrem dentro dos ductos biliares podem ser tratados com:

1. Dilatação com balão e colocação de um stent
Este procedimento serve para abrir os bloqueios nos ductos biliares maiores.
A dilatação com balão é uma operação em que o médico insere um tubo fino (endoscópio) com um balão insuflável na ponta (cateter de balão) em um ducto biliar obstruído.
Uma vez que o cateter é posicionado, o cirurgião infla o balão.
Uma estrutura de malha cilíndrica chamada de stent pode ser inserida nos ductos biliares para mantê-los abertos.

2. Cirurgia dos ductos biliares
Em certas situações, os blocos dos ductos biliares devem ser removidos cirurgicamente.
Após a remoção de um bloqueio, o cirurgião conecta as partes restantes do ducto biliar assim a bile pode fluir ainda através do ducto.

Transplante de fígado
Um transplante de fígado é o único tratamento conhecido para curar a colangite esclerosante primária.
Durante um transplante de fígado, o cirurgião remove o fígado doente e substitui-lo com um fígado saudável de um doador.
O transplante de fígado é reservado para pessoas com insuficiência hepática ou outras complicações graves da colangite esclerosante primária.
A recorrência da colangite esclerosante primária após um transplante hepático é possível, mas é muito rara.

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